Caminhos de Rosa – DIADORINS

“É pelas mãos de Diadorim que Riobaldo passa do estado físico para o estético e deste para o Moral. Mas é uma relação marcada pela ambiguidade, contradição, angústia de estar se envolvendo com um homem. Essa tensão que se estabelece entre ambos, por conta de uma paixão impossível na jagunçagem, torna esse amor uma neblina. Diadorim é a personagem que consegue lidar com o feminino e o masculino, sem que um sufoque o outro”

Adair de Aguiar Neitzel 

doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. É professora titular da Universidade do Vale do Itajaí, onde orienta pesquisas no Mestrado e Doutorado em Educação, e líder do Grupo de Pesquisa Cultura, Escola e Educação Criadora. É autora de Mulheres Rosianas (Florianópolis: UFSC Univali, 2004).

Eliana Lili

Continuando nossa série de crônicas, hoje vamos com a Eliana, ou Lili, ela foi a campeã dos 300 km da Caminhos de Rosa este ano.

Ela começou a participar de eventos esportivos em 2019, em abril. Foi perguntado a ela o que mudou entre a Lili de 2019, iniciante, e a campeã dos 300 km, de 2023, acompanhamento profissional sempre!

Ela disse que Determinação também é fundamental para quem busca longas jornadas! Ela comentou que logo que começou a pedalar, em 2019, 60 dias antes da prova alvo, ela quebrou o dedo, e que dai 30 dias ela já estava fazendo outra competição, e daí 30 dias, ela estava lá largando, dando o seu melhor, dentro das condições de treino que deu para ser feito, ela foi lá e fez!

Ela também se sente motivada a desafios, principalmente pedalar sozinha, é um grande desafio! Para ela, em pedais tão longos, sempre nos sentimos sós. Solitude!

Solitude – Não ter medo do silêncio, do estar sozinho. A solitude é gostar de estar com você mesmo. De acordo com o conceito utilizado pelo filósofo Paul Tillich, é neste momento que a mente se tranquiliza e uma pessoa consegue entrar em contato com sua essência.

Mas para ela o maior desafio sempre será os treinos, para isso, ela disse que precisa de abdicar de muita coisa, que se trata de uma escolha pessoal, não uma escolha imposta! Ela relatou que durante os treinos treinava, inclusive a alimentação, com a comida que iria comer na prova!

Outro aspecto que ela traz, é o envolvimento familiar, fundamental para se propor um desafio como este.

Ela disse que é fundamental o treinamento, para manter o controle em situações não planejadas. E que o treino, tem este propósito, quanto mais você treina, mais condições você irá encontrar na rotina, e no dia da prova, fica mais fácil manter o controle.

Ela disse que o pedido da filha, a tocou muito, a filha, na véspera, pediu a ela que não desistisse por nada. Acontece que em determinado momento da prova, ela descobriu que era a primeira colocada da Caminhos de Rosa, e isso a motivou muito.

Para ela o segredo de longas jornadas é:

  • Devagar é melhor que parado;
  • Seguir seu ritmo;
  • Alimentar adequadamente;

O principal erro que ela cometeu foi carregar uma mochila pesada, ela promete vir em 2024 mais leve!

            A Lili conheci a pouco, nesta busca por estar pronta, trombamos algumas vezes em alguns lugares, e hoje, sabendo da história dela, fico vendo o quão importante é atenção que devemos dar as pessoas quando nos procuram, hoje, certamente, eu darei mais importância a estes momentos, afinal, quantas Lili podem estar cruzando nosso caminho e não sabemos?!

            A gente vai percebendo similaridades na conversa, nunca são iguais, mas alguns pontos vão guardando similaridades.

            Primeiro, a determinação! Ela coloca isso logo no começo. Acho interessante o uso das palavras, na essência, acho que todos estão em busca de algo similar, de uma essência, que sendo sentida, pode ser a mesma coisa, mas a nossa percepção muda tudo, e por isso, o conceito das palavras, pode dizer mais sobre como traçamos nosso caminho! Isso talvez é o que nos torna únicos e pertencentes a algo que é maior.

Do Latim TERMINARE, “demarcar, concluir, limitar”, de TERMINUS, “final, linha de limite”, com a adição do prefixo DE-, “para fora”.

A determinação é interesse, paixão e um empenho contínuo com a sua procura. É também esperança, pois as pessoas determinadas são otimistas em relação ao futuro – e à sua capacidade de melhorar.

Ela colocou um ponto interessante, a alimentação, ela treina alimentos novos, treina horários similares, ela tenta, na sua rotina, ter momentos que seriam similares a prova, em uma série de aspectos. Percebi, que tudo é fruto de observação, relatos, que ela coletou de amigos e do material que a Caminhos de Rosa disponibiliza.

Fica claro também uma rede de apoio que ela tem, além da família, ela tem uma equipe de apoio que dá suporte a ela, tanto tecnicamente, como emocionalmente, como quando ela cita que quebrou o dedo, havia um suporte por trás, que deixa claro que o sucesso não é sorte, mas é algo trabalhado.

Juntando conversas, e pegando a fala da Lú, percebi que a Lili, tem uma forma diferente de construir sua confiança, mas o processo é o mesmo, uma rede de apoio, determinação, e o mais importante, é fazer acontecer, o treino, a rotina. Essa construção diária, que as vezes não damos valor!

Um aspecto que queria comentar sobre escolhas, é uma frase que escutei há um tempo e que faz muito sentido.

Escolha é mais sobre renúncias! Quando você escolhe uma coisa, você precisa renunciar a várias outras opções. Por isso, às vezes, saber escolher o que quer é tão difícil! É muito mais provável escolher algo que não queremos, afinal, representa todas as outras opções.

André Zumzum

Por fim, de uma forma muito natural, ela ganha a prova, não porque era a mais rápida, ou queria isso, mas, porque na hora da decisão, ela estava pronta, ela precisou apenas ser ela mesma, como ela mesma disse, “devagar é melhor que parado”, ela seguiu seu ritmo, e quando percebeu que isso a tornou a primeira mulher, um pouco de ousadia a permitiu acelerar um pouco, sem a prejudicar e buscar o reconhecimento de um primeiro lugar!

Sinceramente, estou cada vez mais apaixonado por essas lives e escrever sobre, tem sido para mim, motivo de reflexões e aprendizado como nunca antes. A possibilidade de ver a Caminhos de Rosa por outros olhares, que além da prova, e contextualizando a vida das pessoas, tem mexido muito comigo!

Tenho uma pergunta que preciso responder, e que tenho refletido sobre:

E as pessoas que não têm este apoio? E as pessoas que além da falta de apoio são desmotivadas?

 Acho que se queremos mais pessoas no esporte, seja em eventos, ou não, a solução passa pela resposta a esta pergunta!